domingo, 28 de agosto de 2011

Análise: Planeta dos Macacos - A Origem (Rise of the Planet of the Apes) (2011)

Você nunca mais vai ver macacos do mesmo jeito.
Algumas pessoas têm medo de darem notas altas para blockbusters, devido o histórico de péssimos exemplares do gênero. Porém, existe um homem que está mudando isso, e rápido. Esse homem tem nome, se chama Christopher Nolan, e depois que ele provou que é possível unir diversão com cérebro em O cavaleiro das trevas, nada mais foi o mesmo. 2011 teve os mais diversos blockbusters, alguns que continuam sendo tão banais como sempre foram, e em vez de usar inteligência usam o 3-D (Piratas do Caribe 4), e alguns bons, que pelo menos tentaram seguir a trilha da nova era imposta por Nolan (X-men: Primeira classe). Mas há um filme que aprendeu a lição: Planeta dos macacos: A origem, que ironicamente também nos proporciona duas lições: É o melhor blockbuster do ano, e não se deve deixar furioso um macaco tão inteligente quanto você, até porque você não está sendo inteligente se fizer isso, certo?

Os estúdios da Fox, com exceção dos mega filmes de James Cameron, não são famosos por nos proporcionarem filmes de ação ou aventura de ótima qualidade. Mas esse ano, em 2011, o estúdio surpreendeu com o nível de suas grandes obras – e espero que continue assim, competindo com os outros grandes estúdios, uma competição sadia para nós, a audiência. Ao reinventar uma franquia dos anos 80 consolidada primeiramente pelo diretor Franklin J. Schaffner e depois por Tim Burton, através do seu ponto de vista estranho, único e já bem aceito pelo grande público, essa nova versão de Planeta dos macacos não remete em nada aos velhos tempos, e traz para o presente a história de Cesar, o primeiro primata inteligente, é traído pelos humanos assim como todos os outros macacos, presos e violentados em cativeiro. O filme consegue fazer com que nós torçamos contra nós mesmos, e em favor dos macacos até a revolta, quando Cesar passa a liderar a incrível corrida de sua espécie rumo à liberdade e ao inevitável confronto contra os seres humanos. Se você gosta de animais, você deve ter ficado um pouco incomodado quando eu citei que os animais são violentados em cativeiros. Porém, sempre que um símio é machucado ou morto em confronto, logo em seguida um ser humano também é. Ou seja, o que poderia ser um problema para o filme, se torna um trunfo para que a mensagem seja mais clara: Quanto mais nós machucarmos a natureza, mais a natureza vai nos machucar. O filme é um suspense realmente muito bem orquestrado, com ótimas cenas desde o início, tudo levando em direção a um clímax forte, cujo qual todos nós já sabemos qual vai ser.

Os efeitos especiais, como não poderiam deixar de ser, são simplesmente o retrato da perfeição. Em momento nenhum você percebe que o Cesar é um macaco digital, criado pela mesma empresa dos efeitos de Avatar e O senhor dos anéis. Ele é magistralmente desempenhado por Andy Serkis, o eterno Gollum e agora também eterno Cesar. Será que seria muito pedir uma merecida indicação ao Oscar por sua interpretação extremamente convincente de um macaco? Até mesmo quando Cesar fica raivoso, ou demonstra carinho como um simples animal de estimação, o ator interpreta de uma forma tão convincente através de simples olhares humanos que juntados com gestos animalescos faz você pensar: É impossível ser um ator, isso é realmente um macaco! Mas não é. Até mesmo a própria empresa WETA, que evolui ano após ano a fantástica tecnologia de captura de performance, atribui o sucesso do personagem símio a Andy Serkis. Zoe Saldana, que também passou por isso ao dar vida para Neytiri em Avatar, disse que em uma entrevista que o filme, dirigido pelo novato diretor Rupert Wyatt, eleva o patamar pelo qual os demais filmes com personagens digitais deverão ser considerados. É a história do cinema sendo feita diante dos olhos de cada um.

Planeta dos macacos – A origem diverte e faz pensar sobre o que podemos aprender com a realidade da situação, tudo com um ritmo próprio, rápido e conciso que, tirando alguns clichês e elementos necessários a trama apenas para render bilheteria, como a presença de Freida Pinto ou James Franco (Sério, o filme é dos macacos, literalmente), ou sentimentalismo exagerado em algumas cenas, fazem dele um ótimo filme que ainda vai render muito dinheiro, elogios, sequências e talvez até algumas indicações ao Oscar 2012.
NOTA: 8,5

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