sábado, 13 de agosto de 2011

Análise: A árvore da vida (The tree of life) (2011)

O filme mais poderoso de 2011.

Às vezes eu fico triste com essa arte chamada cinema. Fico triste em ser bombardeado com tantas besteiras, ano após ano, filmes que fazem mal pra sétima arte, mimam o público que começa a achar, é claro, que você precisa deixar o cérebro do lado de fora da sessão, afinal cinema só serve para divertir. Isso é cruel, e isso se refletiu, por exemplo, no início da sessão para A árvore da vida. O público estava muito inseguro, mas todos arriscaram – por curiosidade, é claro. Mas conforme o filme foi se desenrolando, o público começou a perceber que A árvore da vida não é só um filme...

Antes de tudo, obras de artes não merecem ser entendidas, desconstruídas numa análise qualquer. Obras de artes devem ser sentidas, no sentido mais puro, até você conseguir entender o que ela quer dizer, ou seja, o que não pode ser expressado em palavras, muito menos em prêmios – o filme levou a palma de ouro na edição 2011 do festival de Cannes. Hoje eu posso arriscar a dizer, com total surpresa e satisfação, que existe um filme próximo à complexidade filosófica e beleza, e com a mesma capacidade de revolução no cinema que 2001 – Uma odisséia no espaço teve na época que foi lançado. Hoje em dia, que o plágio virou sinônimo de homenagem, é muito difícil e até injusto o público querer filmes 100% originais, com um roteiro brilhante que você nunca tinha visto sequer algo parecido em outras produções. Isso já foi possível, por incrível que pareça, mas hoje em dia quando aparece produções modernas com esse gostinho da era de ouro do cinema, é um pecado desperdiçar a oportunidade de assistir um espetáculo sensorial como o novo filme de Terrence Malick. A revolução de A árvore da vida? Unir técnica com cérebro, algo que Avatar não fez! O tempo vai dizer.

É muito arriscado contar uma história megalomaníaca que engloba, literalmente, todo o ciclo da vida no universo. E é ainda mais arriscado colocar conflitos familiares num filme que prova o óbvio: Que tudo está interligado, assim como uma árvore genealógica. Graças a esse tema, nós nunca duvidamos de nada, pois tudo é tão belo e orgânico que embarcamos na viagem atemporal, aceitando toda a melancolia das duas histórias: Os acontecimentos com uma família do Texas, nos anos 50, e as conseqüências desses acontecimentos para o resto da vida de um dos membros dessa família. Uma das grandes questões do filme é até que ponto os pais podem dominar seus filhos, sem querer causando cicatrizes neles pra sempre. Para isso, Brad Pitt, Sean Penn, a atriz Fiona Shaw e o jovem Hunter McCracken dão um show de interpretações, muitas vezes sem precisar de diálogos para isso.

Para uma experiência audiovisual tão forte assim, tudo tem que estar em sintonia. Para isso, o fantástico diretor de fotografia mexicano Emmanuel Lubezki, o mesmo de Filhos da esperança, faz o trabalho da carreira aqui. Filmando desde o universo até impressionantes erupções vulcânicas, tudo é feito para poder sentir o fluxo da natureza, com precisão cirúrgica para mostrar como o mundo, visto por outras óticas, ainda pode ser belo, ontem e hoje. Para os impressionantes efeitos, o famoso supervisor de efeitos visuais Douglas Trumbull tentou não se restringir aos efeitos clássicos de 2001, e conseguiu, apesar de algumas referências serem óbvias. De qualquer jeito, não ficar assombrado com o poder de algumas cenas é missão impossível.

Depois de 6 anos sem realizar um novo projeto, o diretor Terrence Malick parece querer justificar o tamanho de sua reclusão com o tamanho de seu talento, mas decepciona apenas por fazer do seu filme longo demais, com devaneios em excesso que o deixam simplesmente chato. Se esse tratado filosófico sobre Deus e o universo for muito bem de bilheteria, como provavelmente vai ser, será a vitória do bom e velho cinema. O fato é que depois de assistir A árvore da vida, que provoca tantas sensações e teorias distintas, qualquer filme parece inferior.

Nota: 9.

6 comentários:

Rafael W. disse...

Quero muito assistir, parece ser lindão.

http://cinelupinha.blogspot.com/

Merry Yamaguchi disse...

É um porre de filme. Pretensioso ao extremo...se o objetivo do diretor foi dar assunto pra pseudo-intelectuais elaborarem teses e gastarem horas de "masturbação mental", ele conseguiu. Mas na verdade ele enrolou e muito pra passar mensagens e e questionamentos primários e exagerou na estética power point. Um porre. Mas tem quem goste e ache genial...numa era de gente deslumbrada com pouca coisa é compreensível.

Thiago Priess Valiati disse...

Caro,
Antes de qualquer coisa, gostaria de me apresentar: meu nome é Thiago Valiati, cinéfilo como você, de Curitiba, 21 anos.
Achei muito legal seu blog!
Achei The Tree of Life genial e perfeito. Vou escrever em breve uma resenha sobre ele tbm.
E ah, também tenho um blog de Cinema (em fase inicial), se puder dar uma olhada e, eventualmente gostar, adicionar à sua lista de blogs também (adicionei já!), iria me sentir honrado.

Blog: http://this-is-cult-fiction.blogspot.com/

ANTONIO NAHUD disse...

Bacana o seu blog.
Cumprimentos cinéfilos!

O Falcão Maltês

Sameerah disse...

@merry

Pois bem caro(a) Merry, o filme é para ser sentido acima de tudo, usar masturbação mental é básico demais...

David Cotos disse...

Me gusto la película.