domingo, 3 de julho de 2011

Análise: Harry Potter e a Câmara Secreta (Harry Potter and the Chamber of Secrets) (2002)

*Esse texto foi liberado pela Confederação Internacional dos Bruxos para a leitura entre trouxas.

Quando um filme é bem dirigido, por um diretor de visão, ele passa rápido, seguindo a regra de que tudo que é bom, dura pouco. Há exceções, claro, um bom diretor pode exigir que seu filme seja lento, como um ritmo próprio (Eastwood sempre opta por isso, por exemplo), porém com estilo e domínio das técnicas escolhidas pro filme. Mesmo assim, quando o profissional por detrás da câmera sabe muito bem o que faz, 3 horas parecem 30 minutos. Então, o que aconteceu com Harry Potter e a câmara secreta, um dos melhores livros da saga?

Primeiro, foi um filme feito às pressas, isso é mais óbvio do que reconhecer a imagem do garotinho de óculos ovais e cicatriz na testa. Lançado um ano após o fenômeno sem antecedências que foi A pedra filosofal , a principal preocupação continuou sendo agradar os fãs – todos os tipos de fãs que fizeram do primeiro filme um arrasa quarteirão. A estética do filme continua bem parecida com seu antecessor, com efeitos rústicos, como os efeitos que dão vida ao salgueiro lutador, uma árvore viva que mata quem se aproxima dela – a árvore é tão mal feita, com tanta falta de criatividade se comparamos com os efeitos de O senhor dos anéis, por exemplo, que chega a dar desgosto e vergonha alheia. Se esse fosse o único erro da produção, estaria perfeito. O diretor Chris Columbus, o mesmo do primeiro filme, não entendeu o equilíbrio entre a aventura infantil e a maturidade, e fez TODAS as decisões erradas, desde o elenco até o ritmo cansativo para o espectador leigo ou não, e talvez por isso ele foi afastado da direção do terceiro filme – graças a Deus!

Harry Potter, de volta à casa de seus maldosos tios adotivos, está passando férias amargas antes de seu segundo ano na escola de Hogwarts. Mas um elfo doméstico chamado Dobby (O melhor e mais carismático personagem do filme) vai ao seu encontro para alertá-lo que ele não pode voltar a Hogwarts, pois correrá grandes perigos se voltar pra lá. É claro que o alerta é ignorado e Harry consegue escapar da casa dos seus tios e voltar para Hogwarts, onde mortes macabras começam a acontecer, e adivinha de quem parece ser a culpa? Exato, do menino de óculos ovais, sempre no núcleo das situações. Com uma história assim, havia uma grande possibilidade de adotar um clima sombrio entre os corredores da escola, com os personagens mais bem evoluídos, fluindo enquanto a maturidade cresce com os desafios que os rodeiam. A impressão que dá é que A câmara secreta desperdiça a ótima história de suspense que poderia ser, com fatos que o colocaria nesse eixo, para ser um filme infantil bobo, muito bobo, cheio de referências cômicas, situações mal-aproveitadas – Em um momento, Harry e Rony estão dentro de um carro voador e precisam escapar de um exército de aranhas gigantes: A cena é fraca, sem emoção, suspense nem adrenalina - com o moralismo barato de sempre, para aliviar os mais conservadores.

Você percebe que algo está errado em um filme quando você se envolve mais com uma criatura criada por computador do que por atores reais, que nos passam emoções exageradas e frias. Se Harry Potter e a pedra filosofal nos apresentou, de um jeito regular, um maravilhoso mundo bruxo, onde tudo é imprevisível, Harry Potter e a câmara secreta requenta com estilo 0 tudo que nós já vimos, sem surpresas, desperdiçando a chance de ampliar o universo mágico e ir mais longe do que o livro foi. O resultado?

Quem é fã, aqueles que sabem todos os detalhes mais ínfimos da história, com certeza queria e sabia que poderia sair dali um filme melhor, com chances mais abrangentes. Quem não é fã... zzzzzzzzz.

NOTA: 4,5

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