sexta-feira, 17 de junho de 2011

O Massacre da Serra Elétrica (1974) - A maior lenda do Terror




Esse texto contém Spoilers.


Tobe Hooper era um jovem universitário que decidiu fazer o seu primeiro longa-metragem em 1973. Com pouca renda, Hooper contratou uma produção amadora e atores inexperientes. A história é muito simples, porém revolucionária e extremamente copiada: notícias rondam o interior do Texas, contando que túmulos estão sendo violados. Por isso, Sally Hardesty e seu irmão aleijado Franklin chamam três amigos - Kirk, Pam e Jerry - e organizam um passeio para ver se o túmulo do avô também foi violado.
Assim, os cinco jovens entram numa van e vão para o interior, que é extremamente isolado e precário.
O filme começa de um jeito parecido com um documentário: um simples letreiro avisando que os acontecimentos a seguir são reais (o que foi um excelente marketing para vender o filme).
Os jovens evidentemente não pareciam muito preocupados se o túmulo foi ou não violado, era simplesmente uma desculpa para fazerem uma viagem, afinal são jovens rebeldes (nota-se isso pelas roupas que usam) que querem curtir a vida como fazem muitos descabeçados por aí.
Mas, o destino decide dar uma severa lição a eles, porque esse inocente passeio é interrompido por uma simples carona, dado a um cara sujo, pobre mas que parece inofensivo. Esse homem se mostra super esquisito e com uma conversa estranha, e ele faz loucuras como cortar a própria mão.

O filme evidencia os problemas que Franklin, por ser aleijado, enfrentava. Ele se sentia bastante excluído por não conseguir fazer o que seus amigos fazem, um exemplo disso é a cena em que ele tem dificuldades para conseguir entrar na casa.
Mas Hooper não perde tempo e começa a matar os jovens rapidamente. A aparição de Leatherface é surpreendente e chocante, imagino como as pessoas devem ter reagido quando presenciaram Leatherface martelando a cabeça de Kirk e matando-o em seguida. E depois ter cruelmente pendurado uma jovem indefesa em um gancho usado para pendurar boi. Mas a crueldade de Leatherface vem a tona quando ele estraçalha sem piedade o paralítico com sua moto-serra.
Até que apenas a protagonista está viva, e é nessa parte que começa a verdadeira tensão do filme. Depois de uma perseguição de mais de 5 minutos, vamos conhecendo os verdadeiros vilões da história. Pessoas que parecem ser inofensivas, se mostram uma família de canibais. É o caso do dono do posto de gasolina, o pai de Leatherface e seu irmão (o que tinha pedido carona no início do filme). A partir daí o espectador precisa prender a respiração porque o filme fica quase insuportável de ser visto.
Com gritos de desespero e muita tortura psicológica, a cena do jantar prevalece como a mais perturbadora de todo o filme. E é nessa cena que são esclarecidos tudo o que estava pendente.
Afinal, o que seria então aquele bando de pessoas cruéis que não se importam com a dor de seus semelhantes? Na verdade é apenas uma pobre família que vive afastada da civilização, que tinha como inspiração o falecido avô (ele teria sido um dos maiores assassinos da região), mas que para eles ainda estava vivo. E o terrível matador portador da moto-serra é simplesmente uma pessoa problemática que foi maltratada a vida inteira por seu pai (que obviamente teve a mesma criação), que como tinha problemas mentais era obrigado a cometer atrocidades a fim de sustentar a família. Então Leatherface não tinha consciência do que estava fazendo? Não é bem assim, ele fazia tudo por instinto, como se fosse um animal, ele não tinha a capacidade de raciocinar, pois era um retardado que foi ensinado desde criança a matar! O seu irmão era um miserável infeliz que passava a vida perambulando pelas ruas e que não concordava com o que seu pai os obrigava a fazer, mesmo assim se divertia com a dor das pessoas.
E a vítima se via ali, no meio de toda essa gente problemática que podia matá-la a qualquer hora. Mas Sally, que estava extremamente chocada por de repente todos os seus companheiros de viagem estarem mortos, precisava ser esperta para conseguir escapar a qualquer custo, era só aparecer uma pequena brecha. E isso aconteceu quando decidiram que o ídolo deles (o avô) iria ter a honra de assassinar a única sobrevivente, a única pessoa que estava impedindo deles seguirem suas vidas normalmente. E foi nessa situação de completo caos e desespero que Sally conquista a tão esperada fuga.
A direção de Hooper é precisa ao desenvolver todo o clima de tensão ao longo do filme, usando tudo o que se tinha direito de efeitos sonoros, um bom exemplo disso é quando a câmera focaliza nos olhos da protagonista, essa sequência é brilhantemente dominada por zumbidos inquietantes. Ele também acerta em cheio na parte da iluminação: como na cena em que Leatherface persegue a protagonista no meio do escuro. Já que a cena seria numa escuridão imensa, Hooper colocou em alguns lugares luzes para iluminar a cena: Franklin estava com uma lanterna e assim o espectador pôde ver Leatherface enquanto retalhava o paralítico (foto abaixo), as lâmpadas estavam acesas quando Sally entrou correndo na casa pôde-se ver o que acontecia lá dentro. Ou seja Hooper preparou tudo com perfeição para cada cena do filme.

Mas o diretor iniciante teve uma série de problemas ao tentar distribuir o seu primeiro longa, pois o cinema na década de 70 era diferente, ainda não havia muitos filmes com um alto nível de violência. Por isso, Tobe Hooper não conseguiu lançar o filme em 1973, já que foi considerado brutal demais. Devido a isso The Texas ChainSaw Massacre só foi lançado no final de 1974, por distribuidores desconhecidos. O filme foi um grande choque, pessoas abandonavam a sessão antes do fim. Sacos para vômito eram distribuídos para as pessoas antes do começo do filme, que foi severamente criticado e banido em vários países por mais de uma década. Enfim, Hooper se envolveu em uma polêmica enorme. Ainda mais por se dizer ser em história real. Porém, foi por causa disso que o filme arrecadou dezenas de milhões de dólares em bilheteria, e é hoje considerado um "clássic cult". A carreira de Marilyn Burns foi marcada por esse clássico. Infelizmente a atriz não conseguiu o mesmo feito posteriormente, fazendo apenas alguns trabalhos em outros filmes independentes, obviamente sem grandes destaques.
Mas o que Tobe Hooper criou na época foi com certeza um marco. Ele ainda fez um filme lembrado até hoje: Poltergeist, mas sem aquele clima inquietante e sufocante de seu primeiro filme, houve o mesmo com ele o que acontece com muitos outros diretores que fazem suas obras-primas no início de carreira e depois não repetem a mesma fórmula (é ocaso de Orson Welles).
Porém Hooper sempre será lembrado por ter dado origem ao famoso grandalhão da moto-serra que aterrorizou plateias do mundo inteiro.




Nota: 9,5

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